A história do marketing é tão antiga quanto a própria história da civilização.
Ok, é claro que há milhares de anos o marketing funcionava de outras maneiras e a atividade nem era conhecida por esse nome.
Mas o fato é que desde que surgiram as primeiras relações comerciais, o homem entendeu que, sem uma boa dose de persuasão, dificilmente, ele atingiria seus objetivos.
E o que é o marketing senão um bom uso do poder de influenciar pessoas?
Embora essa essência do marketing tenha prevalecido, o mundo e as pessoas mudaram. E também a atividade precisou adaptar suas estratégias.
Uma, duas, três… um monte de vezes.
E a evolução do conceito de marketing está apenas começando.
Afinal, basta uma boa olhada ao redor para entender o quanto a nossa forma de se relacionar e de consumir mudou assustadoramente em tão pouco tempo.
E este post é sobre tudo isso: a história do marketing, como surgiu e a evolução ao longo dos anos.
Gosta do tema? Então, continue lendo!
A história do marketing no mundo
A Associação Americana de Marketing define a atividade como um “conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os clientes, parceiros e sociedade em geral”.
Perceba que, nesta definição, fica claro o valor do cliente no processo de fazer marketing.
Mas você sabia que nem sempre foi assim?
Para entendermos sobre a trajetória do marketing pelo mundo, lhe convido a voltar alguns anos, lá nas aulas de história do ensino fundamental.
Você deve ter aprendido que antigas civilizações eventualmente passaram a trocar mercadorias entre si como uma forma comércio, embora ainda bastante primitiva.
O homem, então, precisou desenvolver habilidades de persuasão para convencer os demais sobre importância e a utilidade de seus produtos.
Aliás, na antiguidade clássica, há registros de que os chamados “pregoeiros” eram marqueteiros de profissão, vendendo produtos e escravos por onde passavam.
Depois, com as grandes navegações, surgiram as moedas e as relações comerciais se intensificaram e ficaram mais complexas.
Já em 1455, o surgimento da impressora de Gutenberg foi um grande marco para a imprensa: a partir de então, era possível imprimir em larga escala materiais que antes eram escritos à mão.
Anos depois, essa invenção impulsionaria a produção dos primeiros anúncios impressos.
Mas foi depois da primeira Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, que o conceito de marketing tal qual conhecemos hoje começa a tomar forma.
Afinal, eram tempos de produção em massa como nunca visto antes.
Com isso, começava a nascer também a grande mídia, e os comerciantes precisavam aprender novas maneiras de divulgar os seus produtos para não ficarem para trás.
Origem do marketing
“Qualquer cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”, disse o empresário Henry Ford no começo do século XX, na era que, depois, ganharia o nome de “fordismo”.
Os carros deveriam ser pretos porque era a tinta mais barata e que secava mais facilmente.
Parece absurdo para você?
Mas era bem essa a mentalidade que permeava o modelo de produção pós-Revolução Industrial.
E embora seja difícil especificar quando surgiu o marketing, é consenso entre muitos estudiosos que a Revolução Industrial transformou a forma de praticar a atividade.
Philip Kotler, o guru do marketing, nomeou essa “era de produção” de marketing 1.0.
Tempos em que a concorrência era mínima, as mercadorias eram vendidas a baixo custo e aos montes, e os consumidores eram meros receptores de um bombardeamento em massa de propaganda.
Os clientes não tinham, portanto, qualquer poder de barganha.
Após a Revolução Industrial, tudo o que era produzido era vendido.
Ora, com a demanda maior do que a oferta, as empresas não estavam muito preocupadas nem com a qualidade do que era vendido e tampouco com as exigências dos seus clientes.
Algum tempo mais tarde, porém, começam a surgir nos Estados Unidos os primeiros estudos de mercado, com foco em logística e produtividade – e, talvez por isso, muitos considerem que foi lá onde surgiu o marketing.
Os estudiosos passam a finalmente enxergar a atividade como uma disciplina única, independente da Economia e da Administração de Empresas.
O marketing buscava uma identidade própria.
Já no período entre guerras, ou seja, entre o começo do século XX até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, mercadológicos passaram a enxergar a necessidade de entender como a propaganda afetava pessoas e negócios.
Apesar de novo enquanto ciência, já era evidente que o marketing era capaz de gerar nos consumidores associações positivas ou negativas quando expostos a determinadas marcas.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a concorrência crescia cada vez mais e os produtos antes vendidos em larga escala passaram a ser estocados.
O foco das empresas, em vez de produção em massa, passou, então, a se direcionar às vendas.
E foi para ajudar nesse processo que o marketing entrou com maior expressividade.
Era preciso vender a qualquer custo, e os grandes aliados para isso eram os outdoors, os jornais, as revistas, passando pelo rádio com a primeira transmissão em 1920, e a televisão, que, a partir de 1940, levou o marketing mundial para um outro nível.
No Brasil dos anos 50, vivíamos um período de grande aceleração econômica e industrial.
E é a partir dessa década que começo uma linha do tempo com as principais características do marketing para cada fase da história.
Acompanhe!
Anos 50
Década que marca o começo do marketing no Brasil.
Era um período de industrialização e de grandes mudanças tecnológicas marcadas pelo governo de Juscelino Kubistchek.
A televisão acabava de chegar no país, ainda dominado pelos jornais, revistas e rádios em termos de publicidade.
O marketing, porém, era totalmente focado nas vendas e incipiente: grande parte da população brasileira ainda vivia nos campos.
Essa também é a década em que começam os primeiros estudos sobre marketing nas universidades brasileiras.
Anos 60
Pela primeira vez, as marcas começavam a apresentar departamentos de marketing mais sofisticados, preocupados em desenvolver estratégias de produção.
Entre elas, a preocupação com o que produzir, onde vender, por qual valor e de que forma anunciar o produto para o consumidor.
No Brasil, grandes empresas multinacionais, como Nestlé, Gessy-Lever, Gillette, Refinações de Milho Brasil e Anakol passaram a organizar suas áreas comerciais em função do marketing, e não das vendas.
É nessa década que surgem também os maiores estudiosos do marketing com conceitos que revolucionariam a forma de praticar a atividade.
O professor Theodore Levitt publica na revista Harvard Business o artigo “Miopia em Marketing”, mostrando, pela primeira vez, a clara preocupação com os clientes.
É também a década em que Philip Kotler lança a primeira edição de seu livro “Administração de Marketing”.
No Brasil, a população urbana finalmente ultrapassa a rural, dando vida a um novo tipo de consumidor.
Anos 70
Nesta fase, temos um marketing ainda mais consolidado e um cliente mais exigente.
No Brasil, era tempo de “milagre econômico”, e o consumidor começa a se conscientizar melhor sobre preço e qualidade dos produtos.
Logo, o marketing deixa de ser uma opção e se torna uma questão de sobrevivência.
Ele passa, então, a ser estratégia essencial não só para as empresas, como também para governos, organizações e até entidades religiosas.
Surgem as definições de público-alvo e as primeiras segmentações de mercado.
Anos 80
Mundialmente, os anos 80 foram marcados pelas disputas acirradas entre as empresas – uma verdadeira “guerra de marketing” pela atenção do consumidor.
Com os clientes ainda mais exigentes e concorrência nas alturas, os times de vendas das organizações passaram a ter que atingir metas para sobreviver.
É o Marketing 2.0 surgindo na Era da Informação, cada vez mais orientado para as necessidades do consumidor.
Essa também é a década conhecida por lançar os “gurus do marketing”, levando o conhecimento sobre a atividade para as massas, além de pequenas e médias empresas.
No Brasil, porém, os tempos eram difíceis para o marketing: alta inflação, salários congelados e recessão diminuíram o poder de compra dos consumidores.
Anos 90
É o “boom” da internet e o começo de um mundo globalizado que mudaria a forma de fazer marketing para sempre.
Surgem os blogs, os e-mails, algumas redes sociais e buscadores.
As empresas começaram então a dar os primeiros passos em marketing digital, estreando nas técnicas de SEO, produzindo conteúdo para a web e investindo em links patrocinados.
A sociedade também passou a despertar para a necessidade de cuidar do meio ambiente e do planeta de maneira geral.
Surge, então, um mercado focado em valores – é o marketing 3.0.
Pela primeira vez, as empresas começam a entender a importância de assumir um posicionamento sustentável para garantir uma vantagem competitiva no mercado.
Anos 2000
A virada do século também veio acompanhada de grandes transformações.
O cliente não só deixou de comprar apenas por necessidade, como também já não dava tanta importância aos preços dos produtos, contanto que tivessem a utilidade esperada.
São tempos de popularização da telefonia celular, democratização da internet em larga escala, multiplicação dos e-commerces e amadurecimento da World Wide Web.
As redes sociais também ganham mais força, principalmente com a chegada do Facebook.
Surgem ainda novas estratégias de publicidade, lançando a possibilidade de os usuários anunciarem na plataforma.
Anos 2010
Com foco no ser humano, a primeira década de um novo milênio inaugura uma nova forma de fazer marketing.
Com a ideia de que um cliente satisfeito é o melhor advogado que uma marca pode ter, a preocupação agora era priorizar toda a jornada do consumidor: é o marketing 4.0.
Isso porque as redes sociais estão mais fortes do que nunca, com bilhões de usuários acompanhando tudo o que acontece no mercado em seus smartphones com a facilidade de um toque.
Eles têm nas mãos um universo de opções, podendo a todo tempo comparar preços e qualidade entre as marcas.
Também por isso, as empresas veem na web e nas redes sociais a oportunidade de se aproximar dos clientes, horizontalizando o relacionamento como nunca antes na história.
Logo, não é de se admirar que as empresas que não possuem uma vantagem competitiva acabam abreviando a sua continuidade no mercado.
A história do marketing digital
Com a chegada da internet, fazer marketing deixou de ser uma atividade exclusiva das grandes empresas, que gastavam rios de dinheiro com as mídias e outdoors para anunciar seus produtos.
A era digital trouxe a popularização das redes sociais e novas formas de se relacionar.
Era preciso acompanhar toda essa evolução e pensar em novas maneiras de atrair a atenção do consumidor, que estava cada vez mais seletivo diante de tantas opções no mercado.
Surge, então, o marketing digital: aquele focado nos desejos do consumidor e com a oferta de soluções em vez de vendas diretas.
É o marketing, portanto, focado em proporcionar ao cliente boas experiências – as melhores possíveis.
Logo, um marketing que nada se parece com o que lhe deu origem. Em vez de empurrar produtos e serviços ao consumidor, ele faz com que o cliente chegue até ele.
Nesse sentido, um conceito importante é o de inbound marketing, ou marketing de atração.
Finalmente, as grandes mídias tradicionais perdem espaço para a internet com suas redes sociais, e-mails, blogs, websites e buscadores.
Hoje, sabemos que as marcas que não estão presentes em todas essas plataformas simplesmente não têm chance diante da concorrência.
Entre os principais elementos do marketing digital, estão:
- SEO (Otimização para Mecanismos de Busca)
- Marketing de conteúdo
- Marketing nas mídias sociais
- E-mail marketing
- Automação
- Monitoramento.
Conclusão
Seja por meio dos escambos nas civilizações antigas, a rudimentar impressora de Gutenberg, a Revolução Industrial ou a era da internet, o ser humano sempre soube fazer marketing.
Tudo isso, claro, foi mudando à medida em que o consumidor passou a ser mais exigente diante de tantas opções no mercado.
Para facilitar a compreensão, Philip Kotler dividiu o marketing em quatro fases principais, desde o começo da industrialização até os dias atuais:
- Era da produção, voltada para produção em massa
- Era da informação, voltada para os consumidores
- Era de valores, com foco no ser humano e em sustentabilidade
- Era da revolução digital, que traz a importância de encantar os clientes no lugar de simplesmente superar as expectativas.
É importante perceber, no entanto, que essas fases não são necessariamente excludentes entre si.
Em tempos de mudanças tão profundas e rápidas, difícil é dizer quando termina uma era e começa outra.
Acredite se quiser, ainda existem empresas estagnadas na velha forma de fazer marketing com foco nas vendas.
E depois se perguntam por que seus negócios não saem do lugar.
A verdade é que o mundo está em constante evolução, e o marketing deve ser capaz não só de se adaptar às mudanças como também prevê-las.
E a sua empresa, em que patamar está? Seja qual for a sua resposta, se ainda não estiver encantando os seus clientes, não está boa o suficiente.
Aproveite para deixar seu comentário e dividir sua opinião com a gente sobre como tem feito marketing atualmente.
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